É imprescidível e inevitável que sejamos filósofos
É IMPRESCINDÍVEL E INEVITÁVEL QUE SEJAMOS FILÓSOFOS
(O impossível realizável)
É preciso aprender a semear com a máquina do tempo.
É vital, mais que vital, inventar:
vida e verdades, sonhos e realidades;
razão com alegria bailando
sobre o espelho das águas perenes.
Ainda esperamos, coitados, as chuvas do céu,
quando deveríamos fazer chover no chão de caos e ilusão;
umedecer as pedras, fazendo-as verter poesia;
transformar em vida a energia do sol
em desperdício que hoje nos flagela e definha.
A fome, indústria cega e daninha, há de ser
o instrumento maior de transformação, tinta e pincel,
a reflexão, o painel sobre a eterna falta.
Sobre a miséria a ação, o desenlace sem queda.
A inteligência carcomida pela força da moeda
será o túmulo dos canibais de consciência.
É imprescindível e inevitável que sejamos filósofos.
Filósofos de nós mesmos.
Criadores e semeadores da nossa própria filosofia.
Recriadores confessos do nosso rosto.
Decoradores do espaço reservado à nossa causa.
Defensores incessantes do grito de liberdade,
do motivo do nosso choro, da grife do nosso riso.
Precisamos estar sempre dispostos a corrigir nossos costumes;
a mergulhar no abissal dos nossos valores culturais
para que venhamos festejar nossa vanguarda
e celebrar a estética do brilho estelar da nossa alma.
A estiagem haverá ser o nosso eterno objeto de estudo
e a resistência nosso princípio nossa viagem.
Ray Lima (in Nhandupoiema – Queima Bucha 1994 – Mossoró – RN – Brasil)
Comentários